30 de janeiro de 2013

O Gabinete de Psicologia pretende intervir de forma direta, especialmente com as crianças/adolescentes, procurando identificar situações que possam comprometer o processo de aprendizagem escolar, afecivo e social; trabalhar em conjunto com professores e sobretudo com pais e/ou encarregados de educação; e, assegurar todos os meios mais eficazes para responder pronta e positivamente às dificuldades apresentadas por quem nos procurar.
 
Estamos em Rio Maior, no Edifício da Casa do Povo!

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Dra. Raquel Esteves

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1 de dezembro de 2011

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Dia Mundial da Luta Contra a SIDA

La educación sexual no estorba ni hace daño
Bertrand Russell

Hoje, 1 de dezembro, assinala-se o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA. Esta data tem como principal objectivo sensibilizar as pessoas de todo o mundo, sobretudo, para a prevenção desta doença. Este ano, de acordo com o relatório da UNAIDS (Joint United Nations Programme On HIV/AIDS), apela-se ao “Getting to zero - Faster.Smarter.Better”, isto é, zero novas infecções, zero pessoas discriminadas e zero mortes relacionadas com a infecção VIH.
Há relativamente poucos anos atrás, falar em eliminar o VIH/SIDA parecia impossível, mas a ciência, o suporte político e as respostas comunitárias são agora o princípio de resultados claros e tangíveis. Faster reflecte o objectivo de acelerar o declínio da epidemia, Smarter refere-se a investimentos inteligentes que devem ser levados a cabo por parte dos países. Better prende-se com o facto das Nações Unidas dos Estados Membros terem vindo a demonstrar solidariedade e novos compromissos concretizados em Junho de 2011, nos quais acordaram sobre a Declaração Política sobre VIH/SIDA – intensificando, desta forma, os esforços para a eliminar (Relatório UNAIDS).
            A SIDA é provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) que entra no organismo através do contacto com uma pessoa infectada. A transmissão pode acontecer de três formas: relação sexual; contacto com sangue infectado; de mãe para filho, durante a gravidez ou parto e/ou pela amamentação. Quando entra no organismo, no sistema sanguíneo, o VIH replica-se, atacando o sistema imunológico, destruindo as células defensoras e conduzindo a pessoa infectada – seropositiva – a uma grande susceptibilidade para outras contrair doenças, conhecidas como “as oportunistas”, por serem provocadas por micróbios, os quais não afectam a pessoa cujo sistema imunológico funcione adequadamente. O VIH manifesta-se e evolui de modo diferente de pessoa para pessoa. A pessoa seropositiva (com o Vírus da Imunodeficiência Humana) vive, depois de uma fase mais aguda de sintomatologia, um período no qual não apresenta sintomas, período esse que pode prolongar-se por vários anos, no entanto o vírus continua a multiplicar-se no organismo. A fase seguinte na evolução desta doença designa-se por SIDA e caracteriza-se por uma imunodeficiência grave que condiciona o aparecimento de manifestações das referidas doenças oportunistas. Mas o organismo pode ser ajudado com a terapêutica medicamentosa, sendo possível a pessoa seropositiva nunca chegar a esta fase mais avançada da doença (Ramírez, 2009).
            O VIH/SIDA é uma doença com enorme impacto psicológico o qual inclui três componentes com elevada carga emocional: doença incurável, morte prematura e; práticas sexuais diversas (Douce, 1993, Teixeira, 1993, citados por Grilo, 2001).
            É possível organizar as reacções psicológicas tendo por base a identificação das temáticas organizadoras das significações (actividades cognitivas idiossincráticas) dos seropositivos para o VIH/SIDA:
  1. A quem revelar a minha condição de seropositivo. Uma das principais preocupações dos seropositivos relaciona-se com a tomada de decisão sobre a que pessoas significativas revelar (Batés, 1992, Foley et al., 1994, Mason et al., 1995, citados por Grilo, 2001);
  2. Discriminação. A pessoa infectada é alvo de estigma, o que traz consigo fortes implicações na vivência da doença. A SIDA foi durante muitos anos definida como a doença dos grupos marginalizados, especialmente homossexuais masculinos (Cláudio, 1992, Herek & Glunt, 1988, Trezza, 1994, Tross & Hirsch, 1988, citados por Grilo, 2001);
  3. Dependência/Perda de autonomia. Na fase assintomática da infecção por VIH esta questão não se coloca, porém, a possibilidade de o indivíduo se tornar dependente dos outros, em termos físicos, financeiros, sociais ou emocionais, constitui um dos maiores medos dos seropositivos (Guifford et al., 1997, Grilo, 1999, citados por Grilo, 2001);
  4. Vivência da sexualidade. A sexualidade assume um papel central na qualidade de vida dos seropositivos (Ross & Ryan, 1995 citados por Grilo, 2001). Note-se que, a vivencia sexual, até então motivo de prazer, passa a ser responsável por uma doença sem cura, o que pode conduzir a uma modificação na percepção da sexualidade (Ross & Ryan, 1995 citados por Grilo, 2001). Assim, muitos seropositivos vivem no dilema de puderem transmitir o VIH a outras pessoas e manterem-se sexualmente activos (Schonnesson & Clement, 1995 citados por Grilo, 2001);
  5. Cuidados médicos. Os procedimentos médicos de avaliação, tratamento tal como a hospitalização devem ser considerados com atenção pois podem ser fontes adicionais de stress;
  6. Planos para o futuro. Independentemente do indivíduo se encontrar com ou sem sintomas, ele tem geralmente incertezas em relação ao futuro (Miller et al., 1996, Morin et al., 1984, Segerstrom et al., 1996, citados por Grilo, 2001);
  7. Confronto com a morte. Quando tem conhecimento sobre o diagnóstico de seropositividade para o VIH, doença para a qual não existe cura, o indivíduo considera a inevitabilidade da sua vida acabar (Andrés, 1995 citado por Grilo, 2001). Não surpreende que esta seja a temática que desencadeia maior grau de perturbação quer em seropositivos assintomáticos, quer nos pacientes com SIDA (Grilo, 1999 citado por Grilo, 2001). 
Sabe-se que as temáticas Dependência/ Perda de Autonomia e Confronto com a morte são as que desencadeiam maior perturbação, quer nos seropositivos assintomáticos, quer nos doentes com SIDA. Contudo, no acompanhamento destes indivíduos deve ser avaliada a forma como cada um lida com cada uma das temáticas, determinando desta maneira a área que naquele momento requer mais atenção por parte do psicólogo.
No sentido de compreendermos onde, quando e como a psicologia actua neste âmbito, importante será dizer que o estudo dos aspectos psicológicos e psicossociais associados a este problema de saúde incide, tipicamente, ao nível da investigação, na psicologia da saúde: nos comportamentos de risco e prevenção; nas avaliações subjectivas de sintomas, qualidade de vida, bem-estar e sofrimento; nos comportamentos associados à infecção e doença, em especial o confronto, a adaptação à doença e adesão à terapêutica. Os resultados da investigação neste âmbito têm vindo a contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos programas de educação para a saúde e prevenção, aplicados nas diversas modalidades de aconselhamento (preventivo, indivíduos preocupados, seropositivos, mulheres, famílias, etc), em psicoterapias, nos grupos de suporte, na dinamização da ajuda mútua e na formação de outros técnicos de saúde (Teixeira, 1999).
Idealmente, este tipo de intervenção tem lugar nos serviços de saúde, mas também actua na comunidade através de organizações não governamentais e autarquias ou mesmo na prática privada de psicologia. Resumidamente, os objectivos da intervenção psicológica relacionada com a infecção VIH/SIDA passam por:
§  Promover a aquisição precoce de comportamentos seguros;
§  Promover a mudança de comportamentos necessária para a diminuição dos riscos;
§  Fornecer a perspectiva psicológica específica na educação para a saúde e nos programas de prevenção;
§  Dar resposta às necessidades emocionais dos indivíduos preocupados, infectados, doentes e famílias;
§  Contribuir para a implementação da qualidade de vida dos sujeitos afectados;
§  Sensibilizar outros técnicos de saúde para as implicações psicológicas da infecção VIH/SIDA.
A intervenção do psicólogo neste âmbito pode ser entendida em três domínios essenciais:
  • Educação e prevenção (programas de promoção e educação para a saúde e programas de prevenção);
  • Aconselhamento e formação de outros técnicos (ao nível das questões da transmissão de informação, relação de ajuda, apoio no confronto e resolução de problemas, facilitação da mudança de comportamentos e da autonomia pessoal e reforço do suporte social;
  • Apoio psicológico e psicoterapia, grupos de suporte e dinamização da ajuda mútua (apesar de se procurar aumentar a qualidade de vida do indivíduo, o tema da morte deverá ser sempre abordado em consulta psicológica – os medos que gera, as expectativas, as ideias associadas, entre outros, mas o objectivo é transformar o medo que suscita a ideia de morte numa “experiência de despertar” até porque o estado emocional tem a sua influência sobre o sistema imunológico) (Yalom, 2009 citado por Ramírez, 2009; Teixeira, 1999).
Apesar de tudo ainda existem muitos desafios e necessidades a colmatar na psicologia da saúde no que diz respeito ao VIH/SIDA. Por exemplo, há necessidade de desenvolver instrumentos de avaliação psicológica validados para a avaliação de comportamentos seguros e de risco, para avaliar a eficácia das intervenções psicológicas, assertividade sexual, expectativas de auto-eficácia em relação ao uso do preservativo, competências sociais relacionadas com a prevenção e avaliação do suporte social. É igualmente indispensável desenvolver e aperfeiçoar programas de intervenção que aumentem a prática de comportamentos preventivos, promovam a mudança de crenças e atitudes, proporcionem suporte social a seropositivos e doentes e diminuam efectivamente a vulnerabilidade dos indivíduos com comportamentos de risco. Seria pertinente também desenvolver mais acções de formação sobre o tema destinadas a técnicos de saúde e rever a políticas de saúde nacional as quais poderiam ditar, por exemplo, uma maior integração dos psicólogos (ou nalguns casos passar a integrar os psicólogos!) nas equipas de saúde a fim de desenvolverem acções de educação para a saúde e programas de prevenção do VIH/SIDA e possibilitar a criação de dispositivos de aconselhamento de saúde e de apoio psicológico numa perspectiva efectivamente multidisciplinar (Grilo, 2001; Ramírez, 2009; Teixeira, 1999).
O VIH/SIDA é um estado complexo, de múltiplos e variados aspectos inter-relacionados, um verdadeiro campo aberto e que exige atenção, onde o profissional de psicologia encontra muitas possibilidades de serviço, em múltiplos níveis, todos eles relevantes, necessários e pertinentes.

Referências bibliográficas

Grilo, A. M. (2001). Temáticas centrais implicadas na vivência da infecção por VIH/SIDA. Psicologia, Saúde & Doenças, Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde, 2, Vol. II, pp. 101-118.   

Ramírez, V. G. (2009). Intervención psicológica en VIH/SIDA. Revista UAR CHA, 13, pp. 1870-2104.

Relatório UNAIDS, Retirado em 26 Novembro 2011 de www.sida.pt.

Teixeira, José A. Carvalho (1999). Psicologia e VIH/SIDA. Análise Psicológica, Vol. 17, 2, pp. 363-368. 


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