A auto-estima tem a ver com os aspectos avaliativos que um indivíduo elabora a seu próprio respeito (Gécas, 1982, citado por Castanyer, 2006). Uma definição de auto-estima deve incluir os sentimentos e pensamentos que temos acerca das nossas competências, habilidades para fazer uma diferença positiva, o grau de optimismo, as estratégias para lidar com desafios realistas e a nossa capacidade para aprender com os sucessos e fracassos, assim como a nossa capacidade para nos tratarmos a nós mesmos e aos outros com respeito (Brooks, 2006). Trata-se de um ciclo que opera entre a influência das experiências de sucesso e motivações para a acção e o efeito que os resultados dessas acções têm posteriormente na auto-estima (Brooks, 2006).
No desenvolvimento da auto-estima intervêm três processos: a avaliação reflectida, a comparação social e a auto-atribuição (Castanyer, 2006). O primeiro refere-se à repercussão que tem sobre o indivíduo a avaliação feita de si pelos outros; a comparação social ocorre quando o indivíduo se compara com os seus pares sociais sem informação objectiva sobre dado comportamento seu, e a auto-atribuição prende-se com a tendência que as pessoas possuem para elaborar conclusões a seu respeito, quer pela observação das suas atitudes, quer em função do êxito ou fracasso dos seus esforços (Castanyer, 2006). Assim, a auto-estima pode representar um contínuo cujos extremos podem ser muito positivos ou muito negativos (Castanyer, 2006).
A literatura refere que determinadas circunstâncias que ocorrem ao longo do desenvolvimento do indivíduo podem leva-lo a adquirir uma baixa auto-estima, entre elas:
-Quando uma figura significativa do seu meio ambiente lhe repete constantemente que os outros têm um desempenho sempre melhor do que ele a fazer as coisas;
-Quando na sua família não lhe dão a atenção devida, o reprimem na expressão dos seus pontos de vista e das suas emoções;
-Quando é preterido, injustificadamente, em relação a outros irmãos;
-Quando uma figura significativa do seu meio ambiente lhe repete constantemente que os outros têm um desempenho sempre melhor do que ele a fazer as coisas;
-Quando na sua família não lhe dão a atenção devida, o reprimem na expressão dos seus pontos de vista e das suas emoções;
-Quando é preterido, injustificadamente, em relação a outros irmãos;
-Quando os seus progenitores prestam atenção ao que ele faz de errado e nunca ao que faz bem feito (Castanyer, 2006).
Muitos outros factores podem estar subjacentes, contudo, importa referir que, porque a auto-estima se desenvolve mediante processos de avaliação do próprio indivíduo, vão-se construindo crenças erróneas que distorcem a realidade na relação com o ambiente (Castanyer, 2006).
Muitos outros factores podem estar subjacentes, contudo, importa referir que, porque a auto-estima se desenvolve mediante processos de avaliação do próprio indivíduo, vão-se construindo crenças erróneas que distorcem a realidade na relação com o ambiente (Castanyer, 2006).
As possíveis consequências de uma auto-estima baixa podem passar por dificuldades em lidar com as ocorrências do dia-a-dia, reagir mal a críticas, ficar perturbado quando é rejeitado, adoptar uma atitude passiva perante a vida e sentir-se inferior quando se compara com os outros. Existe também a tendência de se atribuir o sucesso a factores externos (por exemplo, a sorte ou o acaso), e o fracasso a factores internos (por exemplo, as capacidades ou aptidões pessoais), fruto de um processo de enviesamento cognitivo (Castanyer, 2006). O risco de desenvolver transtornos psicopatológicos, face a acontecimentos indutores de stress, é também maior em indivíduos com auto-estima baixa (Brown, Harris & Bifulco, 1996, Brown, 1987, citado por Castanyer, 2006). Neste sentido, a auto-estima baixa está frequentemente associada a alcoolismo, consumo de drogas, comportamento agressivo e tendências suicidas (Turner & Roszell, 1994, citado por Castanyer, 2006).
A falta de capacidade para se defender, única e exclusivamente, não constitui um transtorno, muitas pessoas sentem-se inseguras nalgum campo da sua vida interpessoal. Ora, entre as crianças e no início da adolescência, ainda não vigoram as normas sociais e o desenvolvimento moral alcançados por um adulto, pelo que é onde surge com mais nitidez o afecto, mas também a crueldade. Assim se vêem muitas vezes os mesmos indivíduos a ser ridicularizados (Castanyer, 2006). Nas interacções com as outras pessoas, ou com algumas em particular, os indivíduos com estas dificuldades emocionais sentem-se mais inseguros, subvalorizados, frustrados, etc. Contudo, o facto da interacção resultar (in)satisfatória não depende tanto dos outros, mas da existência ou não de um conjunto de competências para responder adaptativamente à situação, ou seja, da existência de um conjunto de convicções, crenças e esquemas mentais que os façam sentir bem, valorizados e respeitados – assertividade (Castanyer, 2006). A pessoa não-assertiva não defende os direitos e interesses pessoais, respeita os outros, mas não se respeita a si mesma (Castanyer, 2006). E isso é visível no comportamento exterior da criança com baixa auto-estima (por exemplo, evitar o contacto ocular, insegurança em saber o que fazer e dizer); nos padrões de pensamento (por exemplo, pensar que é uma pessoa sacrificada, ignorar o que realmente sente, pensa ou deseja); e, nos sentimentos e emoções (por exemplo, sentimentos de culpa pelos resultados escolares que são geralmente baixos, sentimentos de culpa pelas discussões conjugais caso existam). As formas típicas de resposta não assertiva da criança ou adolescente com baixa auto-estima e não-assertiva são o bloqueio (sensação de bloqueio, "ausência cognitiva") e a ansiedade (gestos estereotipados, gaguez ou dificuldade em articular). As competências de assertividade aprendem-se, são hábitos ou padrões de comportamento aprendidos por imitação e reforço (Castanyer, 2006). Na história de aprendizagem duma criança com esta problemática parece ocorrer tipicamente uma insuficiência de reforço relativamente aos comportamentos assertivos pelo que parece não aprender a valorizar este tipo de comportamento como algo positivo...podendo ser desde sempre uma criança tímida e indefesa, a precisar sempre de ajuda, a criarem-se laços de dependência e sobreprotecção parental muito fortes..e desta forma a criança não aprende a ser assertiva ou aprende de forma inadequada. Estas dificuldades podem ser mantidas pela avaliação negativa que pessoas significativas fazem dela, nomeadamente as figuras parentais ou cuidadores principais e pelos resultados escolares baixos que geralmente podem ser baixos, os quais, contribuem consequentemente para as expectativas de auto-eficácia e auto-confiança baixas, bem como, são percepcionados como motivo para desapontamento parental...e assim se gera um ciclo muito negativo... Também os padrões de pensamento irracionais podem impedir a criança ou adolescente de actuar de forma assertiva e normalmente contribuem para a manutenção do problema. Crenças como por exemplo “é preciso ser querida e apreciada por toda a gente” fazem surgir pensamentos automáticos como por exemplo “eu não sei nada”, os quais, em conjunto, fazem a criança ou adolescente submeter as suas acções e convicções ao seu cumprimento.
Uma breve alusão à intervenção, de uma forma muito genérica...
A intervenção nestes casos poderá desenvolver-se com recurso a Estratégias de Solução de Problemas e Treino de Competências Sociais, com ênfase na Assertividade, bem como Estratégias de Reestruturação Cognitiva. Poder-se-á verificar útil, durante o processo, fornecer e treinar em gabinete algumas Técnicas de Redução da Ansiedade para além de intervir com as figuras significativas da criança ou adolescente.
Saudações Psicológicas
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